sábado, 26 de março de 2011

João Ninguém (Alguém) Martins - Parte 4





Após as primeiras exposições, mestre João Martins, como um eterno aventureiro, descobriu que tinha que ganhar o mundo - bem ao estilo Fernando Pessoa de ser. Mas como era difícil deixar sua eterna Coimbra e, principalmente, seus amigos.

Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:

"Navegar é preciso; viver não é preciso".

Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:

Viver não é necessário; o que é necessário é criar.

Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.

Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.

Quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.

Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.

É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

(Navegar é preciso - Fernandoi Pessoa)


Mestre João amava Coimbra, que, aliás, representou em muitas de suas obras. Gostava de subir as ladeiras calçadas de pedras até a famosa universidade, de onde tinha uma belíssima vista da cidade, com o Rio Mondego ao fundo. Ah! E a biblioteca! Quantas horas ele passava ali dentro viajando pelos livros. Essa, por enquanto, era a única maneira, devido à situação financeira da família, de entrar em contato com a história da arte universal. E ali ele passava horas.

Também adorava ficar à beira do Rio Mondego, junto com seu irmão, paquerando as "raparigas" (como eram bonitos os dois....). E, de vez em quando, para impressioná-las, arriscava-se numa moto - bem ao estilo James Jean. Mas, claro, a arte nunca saia, sequer um segundo, de sua alma. Sempre estava com os apetrechos necessários para quando quisesse, simplesmente, pintar. E como gostava de fazer os retratos de suas "amadas"... Mas o grande amor da vida dele - apesar de ainda não saber - estava muito longe de Portugal.


Mestre João Martins a bordo de uma moto - e que moto. Parece até um galã de cinema!

Tio Jaime, irmão de meu pai (os dois sempre foram parecidos)


Mas ele sabia que precisava ganhar o mundo. Era chegada a hora de se despedir. da família que tanto amava (do pai, da mãe e do irmão). Foi quando decidiu cursar Arquitetura, Paisagismo e Artes Plásticas na Escola Superior de Belas Artes do Porto. E assim foi.

A mãe, Idalina, e o pai, Francisco, de Mestre João Martins

Mas não sem antes realizar exposições individuais na Galeria Cassino Estoril, em Estoril (1949) e Galeria José Malhoa, em Lisboa (1950). E, também, coletivas no Salão de Outono (Sociedade Nacional de Belas Artes), em Lisboa, e no Salão de Pintura Feira de Viseu, em Viseu. Ambas em 1950.

A certeza de que deveria colocar o pé na estrada veio com o primeiro lugar em Aquarela, pelo Salão Feira de Viseu (1950) e o segundo pelo Salão de Pintura de Lisboa (1950). Além disso, ganhou uma medalha de segundo lugar em aquarela pelo Salão de Outono de Lisboa. Mas mestre João Martins sabia que ainda tinha um longo caminho a percorrer...



Mestre João Martins participa do II Salão Provincial, em Viseu

Mestre João Martins participa da Feira Franca de Viseu com duas telas pintadas a óleo


E assim foi, com a cara e a coragem, e pouco dinheiro no bolso, para a cidade do Porto... Afinal, o futuro lhe esperava... E os vinhos também...






Era uma vez um português

Paulo Bonates
(artigo publicado em A GAZETA, na parte de Opinião, dia 26 de março de 2011)

O artista português João Martins, feito e perfeito em Coimbra, que viveu muitos anos entre os capixabas com a família, não chegou a ver nem saber da destruição de parte da sua obra que compunha as paredes do principal restaurante do Hotel Glória, no Rio de Janeiro, Brasil. Morreu vítima de uma barbeirada médico-hospitalar e de um aneurisma.
João expressava-se unicamente pelo talento.

Quando tentava falar era um desatino. Gaguejava que só. Não foi feito para falar com palavras. Por circunstâncias pessoais convivi com ele, que se apelidava, paradoxalmente, de João Ninguém. Veja como os significados são sutis, desse João Tudo.
Pinturas, gravuras, esculturas e cultura geral. E à modalidade de paciência dos agraciados pela genialidade, irritava-se à toa. Mas gostava de piada de português: ouvia e contava. Muitas vezes, depois de passar meses trabalhando em uma pintura, por exemplo, jogava fora. Já confessei, anteriormente, que a maioria da minha pinacoteca foi conquistada via lata de lixo do João.

Quadro de mestre João Martins que faz parte da pinacoteca de Paulo Bonates

Não teve nada, mas foi muito. É esta , meus caros, a sublime diferença entre ser e ter que fazer. A arte lhe brotava pelas mãos já trêmulas e cheias de capricho, os olhos faiscando atentos às filigranas de sua forma de imprimir seu eu. Agora restam as suas representações, dependuradas mundo afora. Comigo, ficam os gestos, as críticas elaboradas com saber sobre a ordem, o mundo, a ética.

Paulo Bonates com mestre João no Natal de 2006 - mestre João está lendo o livro sobre Fernando Pessoa que ganhou de PB

Os cinco filhos, residentes em Vitória, São Paulo, Paris e Lisboa, que foram criados com arte, por arte do pai, estão muito tristes, pois haviam entrado em contato com a empresa responsável pela reforma do Hotel Glória dispondo-se a retirar os painéis de azulejos, pintados à mão em 1960, antes da grosseria de feri-los mortalmente com britadeiras mentais e propriamente ditas.


O irresponsável pelo descaso ficou muito mais famoso pelas estrepolias público-conjugais com atrizes do que por fazer qualquer coisa para aumentar a fortuna que o pai lhe deu, transformando-se, hoje, na pessoa mais rica do Brasil, onde a diferença entre pobres e ricos é uma das maiores do mundo. Triste, muito triste.


A arte, como sabemos, é a derradeira das metáforas, não pode ser explicada, apenas sentida. Assim como o amor não precisa de ninguém ou nada para existir e autodeterminar-se. Tal violenta ignorância está protegida pela representação social da ignorância do país, monitorada unicamente pelo dinheiro. Não há ideologia, não há nada parecido. Agora, como dantes, a censura existe e é mais eficiente e sutil. O capital assumiu a forma humana como um clone previsível em sua determinação: eliminar a inteligentzia. Esta seria mortal para os rudes e poderosos caboclos. Então é possível que o movimento espontâneo que paira internacionalmente não dê em nada, como se diz.

Pincéis, tintas, telas, cinzéis, azulejos, painéis e semelhantes, comovam-se.

Neste tempo é inútil esperar algo de humano, dos humanos.


O autor
é psiquiatra e professor de Psicologia Médica

quinta-feira, 10 de março de 2011

João Ninguém (Alguém) Martins - Parte 3


Depois da exposição de 1948, na Sala de Exposições "O Primeiro de Janeiro", em Coimbra, Portugal, e em seguida no Cassino da Figueira da Foz, em Figueira da Foz, onde vendeu praticamente todas as obras, o mestre João Martins começou a se preparar para a próxima. O sucesso da primeira foi tão grande que foi convidado, novamente, a expor na sua cidade natal. E ele não tinha 20 anos ainda.

Jornal "O Despertar" (23/02/1949), Ano XXXII, Nº 3.225. O nome do meu pai saiu errado (José ao invés de João Martins)


Mas obras de arte não surgem da noite para o dia - afinal, artistas são movidos pela inspiração. Para eles, a criatividade é como o ar que respiram. E ela surge num insight - num momento único, que, aliás, pode ou não ficar para a eternidade.

Isso, obviamente, depende da sensibidade de quem tiver o prazer de observá-la no futuro. Para pessoas sem sensibilidade, como o bilionário Eike Batista, por exemplo, pode significar apenas lixo (entulho) - principalmente se não puder ser transformada em cifrões.

Não é a toa que o empresário continua sendo, segundo a Forbes, o oitavo homem mais rico do mundo - com uma fortuma de US$ 30 bi. Mas eu pergunto: "Às custas de quê?". Dizem que para chegar a esse patamar, ele passou como uma retroescavadeira em tudo o que viu pela frente, inclusive o meio ambiente.

Fico imaginando o valor irrisório, em relação à sua fortuna, que seria necessário gastar para remanejar os painéis de azulejos pintados à mão, em 1960, por mestre João Martins, no Hotel Glória, no Rio de Janeiro, entre outras preciosidades que provavelmente foram destruídas no local.

Isso sem falar que grande parte dos recursos da reforma do edifício, R$ 147 milhões, saiu do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDS), dentro da linha ProCopa Turismo, destinada à reforma e construção de hotéis para a Copa do Mundo de 2014.

Para amenizar o fato, a assessoria do Hotel Glória informou que as obras de arte destruídas foram fotografadas - grande consolo! E que toda a reforma contou com historiadores, restauradores, engenheiros e arquitetos (fico imaginando onde aprenderam a profissão).

Diante desse caos, não entendo a classe artística brasileira, tirando as exceções, é claro, que simplesmente se calou diante da destruição do Teatro Glória, construído em 1970, dentro do local - por onde passaram grandes nomes. Prefiro não pensar que esse silêncio seja ocasionado por interesses próprios de alguns. Ou melhor dizendo: o patrocínio do bilionário a quem, claro, interessa (ou vice-versa).

Mas voltando ao mestre João Martins...

A segunda exposição de sua vida foi realizada em 1949 - portanto, um ano depois da primeira. E mais uma vez a mostra contou com a boa vontade de alguns doutores da Universidade de Coimbra, com conceitos bem diferentes de Eike Batista.

...nada tenho que especificamente me qualifique para o papel que aqui estou a desempenhar: nada sei de pintura, sinto-a, apenas, e isso continua a bastar-me para meu governo... (Doutor Paulo Quintela durante discurso de abertura da primeira exposição).

Mestre João Martins preparando-se para a segunda exposição - momentos de inspiração

Por isso, para o mestre João Martins o ano de 1948-1949 foi de muita inspiração. A segunda mostra na Sala de Exposições "O Primeiro de Janeiro", em Coimbra, foi um sucesso. Foram expostos nove óleos, trinta aquarelas e seis desenhos (e praticamente todos foram vendidos). Obras que ainda estão enfeitando paredes de algumas casas lusitanas - infelizmente não podemos falar o mesmo dos painéis destruídos no Hotel Glória, que ficaram ali, preservados, por 51 anos, até a chegada fatídica do empresário.


Folheto da segunda exposição de mestre João Martins na Sala de Exposições "O Primeiro de Janeiro", em Coimbra


Por isso, para que fatos como esse não ocorram mais no Brasil, insisto na campanha DIGA NÃO À DESTRUIÇÃO DE OBRAS DE ARTE, que agora já conta com abaixo-assinado (onde não é obrigatório colocar os dados, apenas o nome e o e-mail). Meu objetivo é conseguir o máximo de assinaturas possíveis e, depois, levar o documento até Brasília e emplacar uma lei mais específica contra a depredação de nosso patrimônio histórico-cultural.

Lembre-se: se você é um artista, um dia a sua obra de arte também pode encontrar um Eike Batista pelo caminho e ir parar no lixo. Então, se você acredita na eternidade da arte, participe e DIGA NÃO À DESTRUIÇÃO DE OBRAS DE ARTE repassando para todos a hashtag #AzulejosHotelGlória, no twitter, ou os posts do Facebook.





Arte final de Carmem Tristão

Contamos com a sua participação.













sábado, 26 de fevereiro de 2011

João Ninguém (Alguém) Martins - Parte 2



Paramos a história de João Ninguém (Alguém) Martins lá no
s
15 anos, participando de uma exposição, onde apresentava seus bonecos de seda feitos à mão - um casal de japoneses, a "Varina de Aveiro" e o "Sebastião", em Coimbra, Portugal.

Mestre João Martins, aos 16 anos. Preparando-se para as futuras exposições

O verso da foto acima. Mestre João Martins, que não podia ver uma folha de papel em branco que desenhava, por ele mesmo


Como já disse antes, meu pai era uma pessoa de poucas palavras e muita arte. Portanto, pouco sei sobre sua adolescência. Mas é engraçado, lembro-me dele contando-me uma cena de quando era criança (em tempos de guerra).

Mestre João Martins era gago (espero que não fique bravo comigo, lá em cima, por estar contando tal intimidade de sua vida). Aliás, qualquer semelhança com o filme "O Discurso do Rei", indicado ao Oscar, é mera coincidência.




Até porque, Albert Frederick Arthur George (interpretado primorosamente por Colin Firth), que acabou herdando o trono do Reino Unido, se tornando o rei George VI, contou com o grande amigo - e fonoaudiólogo - Lionel Logue (em outra atuação magnífica de Geoffrey Rush) para vencer o fantasma da gagueira e seguir o seu destino.

Meu pai não - tinha fases boas e ruins, tudo dependia do momento E assim como George VI, e outros gagos, também fugia do "microfone". Preferia, claro, ficar no seu canto fazendo aquilo que amava: arte. E era através dela que se expressava.

Bem, o rei, nesse caso, não teve a mesma sorte, precisava vencer esse fantasma e discursar para milhares de pessoas. E não deve ter sido fácil. Mas quando temos bons profissionais e, melhor ainda, amigos... Tudo acaba bem.

Lembro-me de minha mãe, brava, quando alguém terminava a frase para meu pai. Por isso, talvez, a tal cena que Mestre João Martins contou-me ficou para sempre na memória.

"Minha filha, lá nos tempos da guerra minha mãe pedia para que eu fosse buscar petróleo (Mestre João Martins tinha um sério problema com palavras começadas com
'P' e 'F', principalmente). No caminho, eu ia dizendo: 'petróleo, petróleo, petróleo...'. Mas quando chegava lá, não conseguia dizer e voltava para casa com a garrafa vazia. Minha mãe ficava muito brava. Até que um dia o monsenhor descobriu que era 'petróleo' o que eu queria. A partir daí, bastava eu lhe entregar o recipiente e pronto. Foi a glória!"

E assim como esse problema não é o mote do filme, na vida de meu pai também era apenas mais um fantasma - e cada um tem os seus. Ele respirava arte. Por isso, já a partir dos 17 anos fez várias exposições em Portugal (até vir para o Brasil, em 1954) - e em todas, pelo jeito, já percebia-se que era um grande artista. Pelo menos, é o que mostram os jornais da época.

Convite para a exposição de Mestre João Martins, na Sala de Exposições
"O Primeiro de Janeiro"



Reportagem do jornal "O Primeiro de Janeiro", Coimbra, de 01/03/1948

Reportagem do jornal "O Ponney", de Coimbra, em 06/03/1948

Mestre João Martins e Doutor Paulo Quintela na abertura da exposição

Mestre João Martins e os convidados na abertura da exposição

E basta ler o discurso de abertura de uma de suas exposições na Sala de Exposições "O Primeiro de Janeiro", feito pelo Exmo. Professor da Faculdade de Letras, da Universidade de Coimbra, Doutor Paulo Quintela, para entender quem já era Mestre João Martins.


Alguns destaques do discurso:

(...) nada tenho que especificamente me qualifique para o papel que aqui estou a desempenhar: nada sei de pintura, sinto-a, apenas, e isso continua a bastar-me para meu governo.

Aprende
Eike Batista!

(...) Estamos na presença dos trabalhos de um jovem de 19 anos, de condição humilde, sem convívio estimulante, sem exemplos grandes que o guiem, sem mestres que o orientem, sem museus ricos de pintura, onde possa contemplar qualquer coisa que o solicite. Nunca foi a Lisboa, sequer, e o único museu que conhece, além do de Coimbra, é o de Viseu... E vá lá! Que podia acolher-se à sombra de pior árvore... Que o espírito do Grão Vasco o proteja e guie!

Aprende
Eike Batista!

(...) "Cultura! Cultura! Amor aos valores, criação de valores!", apregoam por aí alguns charlatães perniciosos, parasitas da íntima riqueza humana. Pois bem, senhores! Eis aí um exemplo de praticamente por à prova esse fácil serviço de palavras.

Aprende
Eike Batista!

(...) Quero simplesmente recordar-lhe um passo de alguém que foi um grande pintor e um grandissíssimo poeta - William Black - que diz: "Deixai que um homem que um dia fez um desenho, continue a trabalhar esse desenho, e ele produzirá uma pintura ou um quadro. Mas se ele tiver a coragem de o deixar antes de o estragar, então fará ainda coisa melhor.

Aprende
Eike Batista!

(...) Que daqui a alguns anos, quando se falar do pintor João Martins, nós possamos todos dizer, com orgulho: "João Martins? Aquele rapazinho de Coimbra? Bem me lembro: Estive na sua primeira exposição!"

Aprende Eike Batista!

1ª parte do discurso do Doutor Paulo Quintela na exposição de Mestre João Martins


2ª parte do discurso do Doutor Paulo Quintela na exposição de Mestre João Martins

3ª parte do discurso do Doutor Paulo Quintela na exposição de Mestre João Martins

Esse discurso prova que para apagar a trajetória de um artista basta destruir a sua arte (como foi feito com os seis painéis de azulejos pintados à mão no Hotel Glória, em 1960, por Mestre João Martins). E é isso que cada vez mais fazemos no Brasil - pois o país está cheio de ufanistas que querem transformá-lo num moderno shopping center, deixando nossa História apenas dentro de um computador.

Mas se você não faz parte dessa turma, já passou da hora de entrar na campanha



Ou do contrário, o Brasil nunca será um país de Primeiro Mundo, pois esses fazem questão de preservar
seu patrimônio histórico-cultural.

Preservar o passado não impede, em nada, um país de dar grandes passos ao futuro. Ao contrário, só o torna melhor, ainda, na "fita".


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

SAY NO TO THE DESTRUCTION OF ARTE


LETTER TO THE CONSULTANTS OF GLORIA HOTEL

My father, the artist João Martins, always said to me: “My daughter, money does not equal culture.”

Yesterday, after receiving some really bad news, I finally understood the meaning of his words. The consultants of the millionaire Eike Batista, who bought the Gloria Hotel at Rio de Janeiro, admitted (only after a note was published by columnist Victor Hugo on A GAZETA, in January 25th, saying that the Martins family was looking for news about the pannels) that, in reality, the six hand-painted tile panels my father had produced in the 1060s, at the request of Mr. Eduardo Tapajós, “could not be kept at the Gloria Hotel”. By e-mail, the consultants alleged that “since the panels were welded to concrete walls, they couldn´t be removed”. So they simply destroyed a work of art.

I have kept a postcard that my dad wrote to my mother when he was putting up the panels at Gloria Hotel. He was very young and had only just arrived from Portugal. These were his words: “I am being treated like a king, don´t worry”.

My last visit to the hotel was in the beginning of 2008. I visited the Rugendas Room, and all the panels that were there, preserved, impeccable. Just like the photographs show. The hand-painted panels – made in the oven of my father’s ceramics studio – the Martins Artistic Studio, located in São Paulo and owned by him from 1960 to1980 – remained at the Gloria Hotel for more than 50 years.

My soul hurts in face of such lack of sensitivity (because, since the beginning of the sale’s negotiations, I’d been trying to get in touch with the consultants, not only the ones at Gloria, but also the management at the Pink Fleet boat, which belongs to themillionaire too. I even wrote an e-mail to Eike Batista himself.

If they had answered me, the destiny of the panels would have been different. It´s hard to believe that the pieces couldn´t be removed (I am sure that if my father was alive, he would certainly know how to pluck them off the columns, since he was a master in this and in other arts). But surely it was possible.

Yesterday (31/01/2011), another note was published on Victor Hugo’s column, giving information about the panels’ destruction. I can only sit here and imagine the awful scene: the sledgehammer breaking everything down, merciless.
History

It would be hard to tell my father´s story in just a few lines. A portuguese who was born in Coimbra and came to Brazil in 1954, he was truly gifted in the arts. What I can say is that from 1960 to 1980, while living in São Paulo, he produced a great number of pieces. Some of his buyers and admirers include Juscelino Kubitscheck, Ulisses Guimarães, Olavo Setúbal, the playboy Baby Pignatari – who, back then, was married to Princess Ira of Furstenberg – and many others. He also worked at Burle Marx and at Eliane Ceramics, in Criciúma, Vitória, where he left hundreds of pieces.

My father wasn´t, for sure, a business man, since all that he got, he lost. He had the soul of an artist. What he liked the most was to lock himself and make art (ceramics, paintings, sculptures and others). By the end of his life, that was all that he did. But, already disappointed with the arts devaluation, he left a letter, which told to his son that all the pieces made by himself at the past years shouldn’t be sold or donated, but to remain with the five heirs.
Because of this, today my small apartment looks like an art gallery (I don´t even have space to hold so many pieces). But at leastthey are here, preserved. In Truth, there is something my father once told me that summarizes well his artistic soul:

“When I sell a piece, my dear, it feels like I am selling one of my children”. Someone like that, we have to agree, would never know how to measure his job in dollars. This is true inspiration. Art by art.

The Gloria´s panels were just one part of master João Martins´ collection – that, by destiny´s irony, has lots of pieces signed as “João Ninguém” - free translation: John Nobody - (one more moment of pure inspiration). And I am in search of all of them. I ask, gently, that the ones who has his pieces, please, be in touch with me. I want only the photographs to document it. In case that you don´t want them no more, I would like to have it. What I don´t want is that other pieces have the same destiny that the panels of Gloria Hotel. And Maybe, in a near future, put them to the public see.

I want to thank the journalist Claudia Feliz very much for discovering this story on Facebook and for paying the right attention to it. She saw the importance of publishing a note – and without it I would probably still be unaware of the tragic fate of the panels at Gloria Hotel.

Rachel Martins
viagem.ag@gmail.com
@RachelMartins (twitter)

facebook.com/rachelmartins.vix



* Translation Jéssica Verdini Martins



















segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Entre nesta você também







Quero agradecer aos twitteiros e facebookeiros que já aderiram à campanha DIGA NÃO À DESTRUIÇÃO DE OBRAS DE ARTE. Provavelmente, nem todos estão aqui. Pois é impossível fazer esse clipping. Os que estão, foram os que enviaram mensagens diretas. Peço desculpa, desde já, se esqueci alguém (mas sou uma pessoa só, risos). Mas é só me falar e pronto!

Lembre-se, quem estiver, e não quiser fazer parte, é só me avisar. Quem já faz parte, mas não está aqui, também pode me avisar. E quem ainda não faz, peço, gentilmente, que se engaje.

Vamos tentar criar uma lei mais específica que impeça a destruição de nosso patrimônio-cultural. Depois, a gente manda para Brasília.

Sua participação é muito importante. Ela pode ser feita pelo Twitter
(pela hashtag #AzulejosHotelGloria), pelo Facebook, pelo meu e-mail hgloriax@gmail.com ou por aqui (nos comentários).

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sábado, 19 de fevereiro de 2011

João Ninguém (Alguém) Martins



É interessante como algumas pessoas nascem com um dom. É uma dádiva. Se esse dom vai transformar-se em profissão, só os anos podem dizer. Com mestre João Martins, foi assim. Ele simplesmente nasceu artista (lá em Coimbra). E sempre dizia: "Desde que me entendo como gente, lembro-me de estar com um lápis na mão, rabiscando".


Mestre João Martins (ele pintou sua própria foto)


Sei que a vida de mestre João Martins, não foi fácil. Não sei muito sobre sua infância. Ele era uma pessoa de poucas palavras - e de muita arte. Toda sua expressão vinha da arte. Quando olho para as telas penduradas nas paredes do meu apartamento (e são muitas, de estilos variados) tento adivinhar como estaria ele naquele momento.

Olho para o cantor medieval e, não sei porque, enxergo um rosto triste. Mas a roupa é tão colorida, tão alegre? Como pode ser? Será que essa desolação que enxergo no personagem é puro devaneio de minha mente? Imagino um cantor medieval, andando de cidade em cidade, atrás de público, buscando uns trocados entre as pessoas da vida palaciana. Ou não, o que importava era apenas tocar. Vai saber.


Cantor Medieval (monotipia)

Já quando olho os "São Franciscos" (mestre João Martins pintou muitos, em vários estilos. Ele amava os animais), vejo um triste, outro alegre... Às vezes, fica até difícil saber que é o santo, pois está estilizado. Um deles, inclusive, nem chegou a ser terminado, faltaram-lhe os pássaros, como bem conta a crônica do jornalista e médico Paulo
Bonates (a tela era para ele).


São Francisco de Assis (pintado casualmente à caneta Bic num caderno qualquer)


Acho que pintar o
protetor dos animais foi uma forma que meu pai encontrou de expressar sua fé. Vai entender os meandros da arte - e dos artistas. E nem é necessário, a nós basta ter sensibilidade para apreciar sua beleza.

Já no caso dos seis painéis de azulejos do Hotel Glória, destruídos na gestão do empresário
Eike Batista, fico a pensar: "O prédio foi construído em 1920. Em 1960, portanto, 40 anos depois, meu pai fez o conjunto da obra. Até 2011, durante 51 anos, ele ficou lá totalmente preservado".

Descobri, inclusive, entre os seus documentos, que, além dos seis painéis, ainda existiam 18 obras em azulejaria (de sua autoria), no mesmo estilo, em azul e branco, espalhadas pelo Salão
Rugendas. É uma pena, tudo virou entulho.


Um dos painéis de azulejos pintados à mão por mestre João Martins

Agora, fico imaginando meu pai tentando reproduzir, perfeitamente, as pinturas de
Rugendas (um pedido do senhor Eduardo Tapajós, o então proprietário do Hotel Glória). Como um quebra-cabeça (afinal cada azulejo representava uma parte da paisagem), mestre João Martins foi pintando à mão o conjunto. E nada podia sair errado. Ainda consigo vê-lo, no Atelier Artístico Martins, dizendo: "Cuidado com a temperatura do forno, pois qualquer descuido pode alterar a cor". Técnicas que ele conhecia como ninguém.

Outro painel pintado à mão por mestre João Martins

E depois de tudo queimado e empacotado, cuidadosamente, fico a pensar nele, lá no Hotel Glória, acompanhando a colocação dos painéis. Um trabalho minucioso, que só um mestre poderia fazer. E lendo o cartão-postal que escreveu para minha mãe na época descubro que nem mesmo as regalias o faziam esquecer da família:

"Sinto muitas e muitas saudades e lamento que não esteja presente com nossos queridos filhos. Assim, nada disto tem o sabor que teria se toda a querida família estivesse junta".


Cartão-postal enviado à minha mãe, Maria Helena, pelo mestre João Martins

Esse era o mestre João Martins, de família humilde, que precisou desde cedo mostrar o seu talento. E conseguiu. A prova disso está no jornal
"O Ponney", de Coimbra, Ano XI, nº 238, do dia 28 de outubro de 1944. A reportagem mostra meu pai, aos 15 anos, participando de uma exposição, onde apresentava seus bonecos de seda feitos à mão - um casal de japoneses, a "Varina de Aveiro" e o "Sebastião" (infelizmente não sei onde eles estão, imagino que vagando pelas ruas da bela cidade lusitana). Mas pelo jeito, mestre João Martins já era uma promessa.

Mestre João Martins na adolescência

Reportagem do jornal "O Ponney"


Por isso, insisto em dizer que a arte é uma das maneiras de se contar a história de um país. Então, convido a todos para entrar na campanha
"DIGA NÃO À DESTRUIÇÃO DE OBRAS DE ARTE". E isso inclui, claro, a natureza, a maior obra-prima. Afinal, mestre João Martins tirou dela, muitas vezes, sua inspiração. E muitos também poderão fazer o mesmo, se a preservarmos.

Para entrar na campanha basta me seguir no twitter (@RachelMartins) e deixar um recado. Se quiser escreva pela hashtag #AzulejosHotelGlória

Quem preferir pode escrever para o email: hgloriax@gmail.com. Ou me adicionar no Facebook (Rachel Martins)

Não vamos mais deixar ninguém destruir nosso
patrimônio histórico-cultural, em nome do progresso. Afinal, o que impede o moderno de conviver com o antigo? Nada. É só uma questão de sensibilidade e bom gosto.










quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Diga não à destruição de obras de arte

por Rachel Martins

O maestro Tom Jobim dizia: “Longa é a arte, tão breve a vida [...]”. É exatamente assim para um artista plástico quando cria uma obra. Ele pensa na posteridade da mesma (mesmo sabendo que ele não é eterno). E não fosse isso, certamente, hoje, não saberíamos muito da história do mundo.

O que quero dizer é que se o mundo fosse feito só de "Eike(s)" certamente, hoje, não conheceríamos nosso passado e muito menos poderíamos apreciar as obras - algumas milenares - espalhadas pelo planeta.

Muitos devem estar pensando - que pretensão desta jornalista querer comparar o artista plástico João Martins com os grandes mestres da pintura. Afinal João Martins não é Leonardo da Vinci.

E para responder tal questão uso a frase de um trabalho escrito pelo advogado autoralista Rodrigo Moraes (mudando apenas o nome do artista plástico): "Ora, a arte de Leonardo Da Vinci não é mais digna que a do mestre João Martins. Cada artista expressa a sua verdade, a sua beleza, originalidade e missão dentro de um determinado contexto histórico. Arte é arte. Afirmar que Leonardo Da Vinci é mais digno que João Martins o é tão absurdo quanto afirmar que os alemães são mais dignos que os judeus, ou que esses são mais dignos que os palestinos".

A história de Van Gogh, não fossem as pessoas de sensibilidade, poderia ter tido o mesmo destino - caso tivesse encontrado "Eikes" pelo caminho - dos painéis de azulejos pintados à mão por mestre João Martins, no Hotel Glória, em 1960. E se isso tivesse acontecido, não seria possível, por exemplo, hoje, apreciar as belíssimas obras do pintor espalhadas por vários museus do mundo.

Van Gogh vendeu uma única tela enquanto vivo, "A Vinha Encarnada." Resumindo, ele nunca viu o reconhecimento de sua obra em vida. Ainda bem, que ao invés de "Eikes", pessoas sensíveis encontraram sua arte e puderam eternizá-la e, hoje, elas podem ser vistas por milhares de pessoas do mundo todo.

Claro, meu pai não era Van Gogh. Era João Martins, e, ao contrário do primeiro, conseguiu viver da arte (enquanto viveu). Foi com ela que sustentou - e muito bem - a mulher e os cinco filhos. E foi reconhecido em vida. Infelizmente, muitas pessoas têm uma impressão errada dos artistas - acham que todos eles são seres de outro planeta.

Não são. Quando digo que meu pai vivia em outro mundo - falo da questão da sensibilidade, que torna os artistas pessoas únicas, principalmente no mundo de hoje. Sem dúvida, não é fácil viver da arte (e quem trabalha com ela, sabe disso). Meu pai perdeu tudo, sim, materialmente, mas em nenhum momento escolheu outra coisa para fazer, senão arte. A assinatura João Ninguém era apenas mais uma de suas inspirações e, talvez, como disse Jace Theodoro, uma previsão do que poderia acontecer, um dia, às suas obras.

Por isso, dói saber que os painéis do Hotel Glória foram simplesmente destruídos (quando podiam, no mínimo, serem doados. Ou voltar para a família). Mas ao invés de ficar chorando (até porque eles não vão voltar mais), resolvi transformar essa dor em luta - não apenas minha, mas de todos os artistas - e os que amam arte - que sabem o que significa uma criação. Todos podem ajudar.

A campanha que faço na internet (através de e-mails, facebook, twitter) tem como único objetivo levantar esse descaso no Brasil com às artes (os vários "Eikes) - basta uma pesquisa para ver o número de obras de arte que já foram destruídas pelo país afora). Lastimável. Porque um país sem memória, é um país sem história.

Eu prefiro não acreditar que em nome do dinheiro, ou do poder do mesmo, vamos continuar passivos diante da destruição de obras de arte (às vezes de uma cidade inteira, pois muitas são verdadeiros museus a céu aberto). Quantas cidades estão destruindo seus patrimônios históricos? Derrubam casas centenárias para construir megaedifícos, com toda tecnologia de ponta, mas não se preocupam, um minuto sequer, com a possibilidade de transferir, de alguma maneira, esse patrimônio. E por um simples motivo, não querem gastar o mínimo do valor empregado na obra para salvá-lo. Não. Mandam simplesmente destruir aos olhos passivos do povo. Estes são os "Eikes" que patrocinam arte, para quem é de interesse ao seu império, mas por trás agem de outra maneira, como bem disse
Jace Theodoro.

Claro, há exceções, e muitas. Pessoas que sabem valorizar a arte. E mesmo com olhos no progresso conseguem enxergar a beleza do passado, unindo as duas coisas num belo ambiente. Por isso, a campanha #AzulejosHotelGloria, no twitter (@RachelMartins) precisa da sua colaboração. Os painéis não vão voltar, já viraram entulho, como bem disse Jace Theodoro na belíssima crônica do jornal A GAZETA, mas pelo menos podemos tentar mudar o futuro, tentando emplacar uma lei que não permita a destruição de obras de arte antes, pelo menos, de avisar o artista - ou os herdeiros do mesmo, - ou ficar realmente constatado a inviabilidade da preservação.

Caso contrário, a Geração Y só vai conhecer a história da arte brasileira - e mundial - através de uma tela de computador. O que será lastimável. As artes antigas devem ser preservadas, mesmo que no futuro venham dar lugar às artes virtuais, tão belas quanto. O que pode - e deve - acontecer é a união das duas, dando lugar a um novo estilo, que ainda iremos conhecer. Se deixarmos, é claro.


"DIGA NÃO À DESTRUIÇÃO DAS OBRAS DE ARTE".

Entre nesta campanha, vamos mudar essa história. E veja porque vale a pena tentar:

Mestre João Martins

São Francisco (óleo sobre cartão)

Pelourinho (óleo sobre tela)

Dois rostos (monotipia)

Mulher (desenho)

Rosto de mulher (óleo sobre papel)

Rosto Desconhecido (monotipia)

Pelourinho (óleo sobre tela)

Natureza Morta

Natureza Morta (óleo sobre cartão)

Natureza Morta (monotipia)

Colagem (óleo sobre cartão)

Cavalo (óleo sobre tela)

Vaso de Flores (óleo sobre papel)

São Francisco (em barro)

São Francisco estilizado (escultura em barro)

São Francisco estilizado (escultura em barro)

Painel de lajotas de cerâmica pintadas à mão

São Francisco - Painel de lajotas de cerâmica pintadas à mão

As Três Graças (painel de lajotas de cerâmica pintadas à mão)

Cangaceira (grafite)

Paraíso (grafite)

Colônia de pescadores (grafite)

São Francisco (óleo sobre papel)

Outono (monotipia)

Rosto desconhecido (desenho com lápis de cor)

Homenagem a Degas (monotipia)