Após as primeiras exposições, mestre João Martins, como um eterno aventureiro, descobriu que tinha que ganhar o mundo - bem ao estilo Fernando Pessoa de ser. Mas como era difícil deixar sua eterna Coimbra e, principalmente, seus amigos.
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa:
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
"Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar.
Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso.
Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo.
Quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha.
Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.
(Navegar é preciso - Fernandoi Pessoa)
Mestre João amava Coimbra, que, aliás, representou em muitas de suas obras. Gostava de subir as ladeiras calçadas de pedras até a famosa universidade, de onde tinha uma belíssima vista da cidade, com o Rio Mondego ao fundo. Ah! E a biblioteca! Quantas horas ele passava ali dentro viajando pelos livros. Essa, por enquanto, era a única maneira, devido à situação financeira da família, de entrar em contato com a história da arte universal. E ali ele passava horas.
Também adorava ficar à beira do Rio Mondego, junto com seu irmão, paquerando as "raparigas" (como eram bonitos os dois....). E, de vez em quando, para impressioná-las, arriscava-se numa moto - bem ao estilo James Jean. Mas, claro, a arte nunca saia, sequer um segundo, de sua alma. Sempre estava com os apetrechos necessários para quando quisesse, simplesmente, pintar. E como gostava de fazer os retratos de suas "amadas"... Mas o grande amor da vida dele - apesar de ainda não saber - estava muito longe de Portugal.
Mestre João Martins a bordo de uma moto - e que moto. Parece até um galã de cinema!
Tio Jaime, irmão de meu pai (os dois sempre foram parecidos)
Tio Jaime, irmão de meu pai (os dois sempre foram parecidos)
Mas ele sabia que precisava ganhar o mundo. Era chegada a hora de se despedir. da família que tanto amava (do pai, da mãe e do irmão). Foi quando decidiu cursar Arquitetura, Paisagismo e Artes Plásticas na Escola Superior de Belas Artes do Porto. E assim foi.
Mas não sem antes realizar exposições individuais na Galeria Cassino Estoril, em Estoril (1949) e Galeria José Malhoa, em Lisboa (1950). E, também, coletivas no Salão de Outono (Sociedade Nacional de Belas Artes), em Lisboa, e no Salão de Pintura Feira de Viseu, em Viseu. Ambas em 1950.
A certeza de que deveria colocar o pé na estrada veio com o primeiro lugar em Aquarela, pelo Salão Feira de Viseu (1950) e o segundo pelo Salão de Pintura de Lisboa (1950). Além disso, ganhou uma medalha de segundo lugar em aquarela pelo Salão de Outono de Lisboa. Mas mestre João Martins sabia que ainda tinha um longo caminho a percorrer...
E assim foi, com a cara e a coragem, e pouco dinheiro no bolso, para a cidade do Porto... Afinal, o futuro lhe esperava... E os vinhos também...
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