quinta-feira, 2 de julho de 2009

É impossível comer um só

Ele vem quentinho, recém-saído do forno. Você pode colocar açúcar ou canela, ou os dois juntos, por cima. O primeiro pastel de Belém a gente nunca esquece. Mas não pode ser qualquer um, só o da confeitaria que fica em Lisboa, num bairro chamado Belém - onde se encontra, também, o Mosteiro dos Jerônimos, a Torre de Belém, o Padrão dos Descobrimentos, e outros monumentos.



É ali que fica a fábrica original dos Pastéis de Belém, que surgiu por volta de 1820, durante a revolução, quando desapareceram muitas ordens religiosas, deixando monges e freiras desalojados e centenas de trabalhadores desempregados. Foi nessa época que um confeiteiro, dono de uma refinaria de açúcar, chamado Domingos Rafael Alves, se juntou a um pasteleiro que trabalhava no Mosteiro dos Jerônimos, detentor da receita - a única e verdadeira - dos pastéis.



Conta a lenda, que a patente da receita - que é mantida em segredo até hoje - foi registrada logo em seguida à inauguração da confeitaria, que logo no início atraiu centenas de portugueses. Atualmente, são produzidos no local cerca de 14 mil pastéis por dia. Se conseguem vender todos? Só há uma maneira de saber. É indo lá, se você conseguir comer um só...

Mas como toda receita de sucesso, logo surgiu um problema: a produção foi aumentando, surgindo a necessidade de contratar mais mão-de-obra. O que acabou virando uma preocupação para os proprietários. Como evitar que o segredo vazasse para fora das paredes da confeitaria?

Até que surgiu a solução: a partir daquele momento o novo pasteleiro seria selecionado, sempre, entre o pessoal da empresa, alguém que já trabalhasse ali pelo menos durante 25 anos. Mesmo assim, o gajo tinha que fazer um voto de confiança e assinar um acordo, comprometendo-se a não revelar a receita. Se o empregado quebrasse o "pacto", veria as suas propriedades expropriadas e até podia ir parar na prisão. Até hoje, felizmente, ninguém quebrou o segredo.



Claro, os pastéis de nata são vendidos por todos os cantos de Portugal, mas só ali, na confeitaria, que, diga-se de passagem, é simplesmente linda - são cinco salas enormes, todas azulejadas à moda lusitana - é possível comer o verdadeiro, o de Belém - a diferença é gritante. E quem quiser pode levar alguns para o hotel - eles vêm embalados numa caixa - que é um charme - com o logotipo da empresa. Até frios, acredite, eles são deliciosos.


Site: http://www.pasteisdebelem.pt/

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