sábado, 6 de junho de 2009

Pra lá de Marrakech (Parte VI)





Nessa época do ano - eu visitei o Marrocos em maio - demora para escurecer. Só para ter uma ideia, o sol começa a descer lá pelas 20 horas. E, acredite, é um espetáculo imperdível. E para curti-lo em alto estilo escolha um dos cafés-restaurantes que possuem terraços que dão para a Djemaa el-Fna. O cenário lá de cima é impressionante. Não só pelas tonalidades do entardecer, mas porque só estando ali, no alto, é possível perceber o burburinho lá embaixo. A quantidade de gente é impressionante!

Enquanto toma um chá de menta, vá curtindo o pôr-do-sol (foto). Existem várias opções de estabelecimentos com terraços, dos menores aos maiores. Algumas opções são o Café des Épices, Café de France e Les Terrasses de l´Alhambra. No meu caso, foi um dia especial, não só pela paisagem, mas, também, porque tivemos - eu e minha irmã - a oportunidade de conhecer o simpático Sadik (na foto, à direita), que faz excursões pelo deserto - ele possui dois camelos, o Bob Marley e o Jimy Hendrix (foto). Eu como adoro reggae, ia preferir ir montada no Bob Marley (fala sério, é, no mínimo, surreal um dromedário com esse nome). Para contatar Sadik é só escrever para o endereço (sahara_trip45@yahoo.com).

Ele explicou que gosta de fazer excursões com grupos pequenos, no máximo cinco pessoas. Elas podem ser de apenas um dia, ou mais - nesse caso se dorme em tendas. Como fiquei pouco tempo no Marrocos, resumi minha viagem a Casablanca e Marrakech (até porque acho impossível conhecer bem um local naqueles pacotes onde as pessoas ficam dois dias em cada lugar). Mas da próxima vez, com certeza, o deserto será meu destino.

Até porque meu amigo Sergio Denicoli, que mora em Braga, Portugal, já fez o roteiro e disse que foi uma das melhores coisas que já realizou na vida. "É uma viagem de autoconhecimento", define ele. "E não existe coisa mais gostosa do que deitar sobre aquelas montanhas de areia, à noite, e curtir o tapete de estrelas, é impressionante", completa.

A mãe de Sadik é berbere, e por isso ele conhece bem esse pedaço árido de chão. Ele contou histórias interessantes sobre os mistérios do deserto. Falei para ele que na medina um marroquino, vendedor de uma loja, brincou comigo, dizendo que se ficasse com ele me daria 140 mil camelos. Queria saber se essa história de troca de dromedários por mulheres era verdadeira. Ele disse que sim, mas já não era uma prática tão comum como antigamente.

Só fiquei frustrada porque ele disse que 140 mil camelos é um número irrisório. Resumindo: eu não valho nada no Marrocos. E ainda completou, explicando, que o ideal vai muito, muito, além disso. Enfim... o jeito foi mudar de assunto. Resolvi, então, perguntar sobre uma bolsa de palha, com bordados feitos à mão, belíssima, que comprei na medina. Não sei o que faço com a alça de couro de camelo que tem um cheiro in-su-por-tá-vel (alguém sabe?).

O marroquino da loja de artesanato oficial de Marrakech explicou que é necessário antes de fazer a compra, principalmente quando o produto é de couro, ficar atento a esses detalhes. Segundo ele, muitos artesãos tiram o couro do animal e não o tratam, colocam direto na peça, por isso o forte odor. Disse para ir passando água, mas já lavei, lavei, lavei, e nada! O jeito vai ser trocá-la. Uma pena, pois não gostaria de descaracterizá-la. Mas, sinceramente, se entrar com uma bolsa dessas num restaurante, vão me expulsar.



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